quinta-feira, 26 de maio de 2011

Jovem promessa relata trotes violentos e abandona judô.

Uma jovem promessa do judô brasileiro abandonou o sonho de seguir carreira na modalidade. Durante os dois meses em que morou e treinou no Centro de Excelência Esportiva, em São Paulo, Lucas Gongora Ribeiro, 16 anos, diz ter sofrido agressões físicas e morais de alguns veteranos do projeto do governo estadual, entre eles maiores de idade. O garoto conta que foi obrigado a lavar quimonos de madrugada e até a dançar nu para a diversão dos mais velhos.
Natural de Mococa, no interior de São Paulo, Lucas mudou-se para a capital no início de março para integrar o Centro de Excelência Esportiva, antigo Projeto Futuro, no Ibirapuera, pelo qual já passaram judocas como Tiago Camilo, Henrique Guimarães e Aurélio Miguel, todos medalhistas olímpicos, além de Maurren Maggi, ouro no salto em distância nos Jogos de Pequim-2008. Ele relata que no alojamento os veteranos coagiam os calouros a rasparem a cabeça, carregarem seus quimonos e abastecê-los com água. O que poderia ser brincadeira tornou-se sério, segundo o jovem, com agressões físicas e humilhação.

"No alojamento, eles escolhiam o quarto de alguém, chamavam todo mundo e começavam a agredir. Na primeira vez, usaram uma ripa de madeira, depois usaram colheres. Também depilaram parte da canela com esparadrapo", diz Lucas, que já levantou títulos do Campeonato Paulista, Copa São Paulo, Campeonato Sul-brasileiro e Campeonato Brasileiro por Equipes. No início de maio, após dois meses no Centro de Excelência, o garoto abandonou o projeto e retornou a Mococa, onde acredita que não pode evoluir no judô pela falta de treinamento de alto nível.

A decisão foi lamentada pelo diretor de esportes da Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude, Carlos Marcelo Pistoresi, gestor do Centro de Excelência. Segundo ele, as reclamações de Lucas foram atendidas e os atletas responsáveis pelo trote receberam advertências graves. Os pais do atleta queriam que os comandantes do trote fossem excluídos do programa.

"Não tenho provas dele contra os atletas, nem dos atletas contra ele. Eu acredito na palavra dele e também acredito na palavra dos outros atletas. Tenho que ser ponderado e não tomar uma atitude drástica em relação a um ou a outro", afirma Pistoresi. "Todas as atitudes foram tomadas em comum acordo com o pai [Glauco Adnam Ribeiro], o diretor do Conjunto Constâncio Vaz Guimarães [Coronel Luiz Flaviano Furtado], eu, que sou gestor do Centro de Excelência, e o sensei dele [Hatiro Ogawa]", complementa.

"É uma tradição onde há internato. Por exemplo, em qualquer atividade militar, sempre existe a hierarquia. O mais antigo tem certa precedência sobre os mais novos. Ele falou de lavar quimono. [Entre os militares] os mais novos geralmente engraxam os coturnos dos mais antigos. Isso é comum em qualquer ambiente onde há aglomeração", argumenta o Coronel Luiz Flaviano.

De acordo com Lucas, a maioria das agressões físicas acontecia na parte final do treinamento, quando era realizado o "joga-joga", termo utilizado para definir os exercícios de projeções e quedas. O garoto relata que os veteranos aproveitavam a oportunidade para derrubá-lo em posições que poderiam acarretar contusões.

Após as advertências aplicadas pela diretoria aos veteranos, o jovem acredita que os outros atletas quiseram se vingar pelas reclamações e fizeram com que ele fosse isolado pelos companheiros de treino e de alojamento. Em um almoço no refeitório, segundo Lucas, dois calouros trocaram de mesa quando ele se sentou para comer. Um amigo que jogou futebol com o garoto após os treinos da noite teria sido punido pelos veteranos no "joga-joga" do treino seguinte.

"O Marcelo falou que puniria quem estava fazendo essas coisas e que elas não aconteceriam mais. Eles pararam as agressões contra mim, mas continuaram com os outros. E eu ainda fiquei isolado, ninguém falava comigo", reclamou Lucas.

O isolamento durou aproximadamente um mês até que o judoca e seus pais resolveram abandonar o Centro de Excelência, apesar da insistência de Pistoresi para que o garoto permanecesse. Lucas diz ter tomado a decisão após intimidação dos veteranos por se recusar a participar do "joga-joga". Ele conta que precisou se trancar no quarto enquanto outros atletas esmurravam e chutavam a porta fazendo ameaças.

"É natural que você tenha uma desavença com um colega seu e ele te dê um gelo, se sinta um pouco ofendido. E também é natural que haja um entendimento entre o ser humano", diz o diretor de Esportes. "Passaram tantos atletas aqui que hoje são campeões mundiais e tiveram problemas, não só no esporte, na vida pessoal, e superaram. O Lucas vai superar muita coisa na vida. Ele é um garoto de fibra e tenho certeza que como bom atleta vai superar isso".

Os pais de Lucas reuniram as denúncias do filho e protocolaram um requerimento na Promotoria da Infância e da Juventude do Ministério Público do Estado pedindo a apuração do caso e a eventual punição dos responsáveis. A Secretaria de Esportes, Lazer e Juventude diz ainda não saber do fato e só depois de ser comunicada oficialmente estudará possíveis providências.

3 comentários:

  1. Treino pelo menos 3 vezes por semana no PF.
    E digo de boca cheia que esse menino é um esnobe, filinho da mamãe...

    O Pai desse menino é do meio politico, trabalha pra um politico...e isso deve ter facilitado algumas coisas em relação a essa matéria.

    Além do mais, a maioria das coisas foi aumentada por demais.... o menino não aguentou a pressão e pronto!


    Agora, vai cair a mãozinha dele por ter lavado um quimono? Ele vai ser menos que os outros por ajudar a limpar onde ele mesmo treina? Vai se sentir menorizado por carregar a água que ele tambem vai beber?
    Se alguém aqui se sentia superior aos outros era esse menino Lucas que achava as tarefas corriqueiras indignas de serem feitas por ele.
    Tem que conhecer pelo menos um pouco pra saber o que acontece!Os veteranos citados nao prostram ninguém dessa forma como foi pseudorelatado pelo Lucas!

    É diario vermos veteranos instruindo calouros durante o treino, ensinando, corrigindo...crescendo juntos!
    Pode até ter trostes, mas não são depressiativos como estão dizendo aí.

    Um dos princípios do judô é o Jita Kyoi( bem estar e benefício mutuo)! E ninguém cresce sem sair da sua zona de conforto!

    Na verdade, acho que o que ele não aguentou foi ficar longe do colinho da mamãe!

    Se o PF fosse tão ruim, nao teria em sua historia nomes como Thiago Camilo, Leandro Guilheiro, Felipe Kitadai, Rafael Silva, Breno Alvez, Alex Pombo, Marcelo Conini, Nadia Merli,Aline Puglia...e mais um monte de gente que é fera no Judô e na vida!

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  2. Boas palavras Bruna, eu sei desse papo de trote, a uns 15 anos pelo menos quando o vinícius dal lin foi para o projeto e é assim mesmo, mas tem coisas que passam um pouco do ponto, mas nada que deva ser interpretado como coisa de outro mundo não. Além do mais, é um lugar que passa muita gente, forte e nem tão forte assim, mas foi para um lugar como este, as brincadeiras acontecem mesmo e la se forma campeões, podemos dizer o seguinte, o mais fraco de lá é muito forte, então são poucos que se criam num lugar assim. Ou guenta porrada e fica bom ou chora e vai embora e sai falando mal, e quanto ao sensei hatiro, não precisamos fazer muitos comentários, um cara muito sério e sabe o que faz.

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  3. RSRS... Não aguentou e pronto, eu morei lá e sei que cada dia dentro e fora dos tatamis é uma luta!! Fui calouro e todo trote que recebia, eu resolvia no tatami. Nos primeiros 3 meses eu só apanhava!!! fui crescendo e cada veterano que folgava comigo eu ia pegando um por um nos tatamis, claro que não consegui derrubar todos, mas os que eu conseguia bater ou sair pau a pau nos treinos, nunca mais pediu nada pra mim. Isso eu aprendi no judô as coisas se resolvem no tatami. abraço galera
    Edegar Kimura

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